domingo, 20 de novembro de 2016

Adormeço para não enlouquecer


Tem dias que me sinto assim...
Tão cheia de lembranças.
Tão imersa em ideias.
Tantas emoções no peito
Energias percorrendo todas as linhas do corpo,
Mas tudo contido
dentro desse invólucro limitante que é a pele.
São tantas cores, tons e semitons
E a mente captando e irradiando
notícias de várias estações,
coração batendo no peito
cantigas e canções
tão diferentes,
muitos ritmos,
melodias.
miríades de tons e sons.

Nossa!!!!
Por isto
que a gente
enlouquece
a cada dia
e dorme
para desenlouquecer.




quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Não perturbar a paz do homem com a nossa inquietude

EU NÃO VOU PERTURBAR A PAZ

"De tarde um homem tem esperanças.
Está sozinho, possui um banco.
De tarde um homem sorri.
Se eu me sentasse a seu lado
Saberia de seus mistérios
Ouviria até sua respiração leve.
Se eu me sentasse a seu lado
Descobriria o sinistro
Ou doce alento de vida
Que move suas pernas e braços.

Mas, ah! eu não vou perturbar  a paz que ele depôs na praça,
quieto."
- Manuel de Barros -
( Livro : Poesia Completa)
E como somos incomodados na nossa busca de paz.
E como as pessoas teimam em depositar no outro ser 
Que quieto se compraz da sua solidão desejada
Os seus próprios temores
Os seus pesares.
Há limites que nos devemos impor
Um deles: 
Não perturbar a placidez do homem
Com nossos penares.
Com nossas virtuosas intenções
Que não fazem bem a quem está só e em paz.
Apenas alimentam nossos desejos compulsivos 
De sermos os messiânicos salvadores
Do homem que só desejava
Depor na calma praça 
Como ele próprio o é
A sua quieta e mansa quietude.
Temos essa mania desvairada de julgar os outros por nossas vicissitudes!

Maria Izabel Viégas


domingo, 23 de outubro de 2016

Só se pode ser feliz simplificando



"Só se pode ser feliz simplificando,
simplificando sempre,
arrancando,
diminuindo,
esmagando,
reduzindo;
e a inteligência cria em volta de nós
um mar imenso de ondas,
de espumas, de destroços,
no meio do qual somos depois
o náufrago que se revolta,
que se debate em vão,
que não quer desaparecer
sem estreitar de encontro ao peito
qualquer coisa que anda longe:
raio de sol em reflexo de estrelas.
E todos os astros moram lá no alto."

Florbela Espanca, in "Diário do Último Ano"


Desapego,
Desapego é a bola da vez.
Antes era_ meditar.
Depois_ encontrar-se a si mesmo.
Fico pasma com facilidade dos conselheiros.
Imagino o faminto de comida e de carinho transcendendo-se.
Como se faz?
Como nos libertamos do pão nosso de cada dia
Que em nada se assemelha às lições de Jesus?
A maioria quando roga pelo Pão
Não é do alimento espiritual que ele deseja.
Talvez assim o seja,
mas acompanhado de uma boa casa,
de uma veste à altura do status a que se julga merecedor.
A Caixa de Pandora foi, astutamente,
enviada aos homens
Pelos Deuses do Olimpo
pois que os homens eram felizes.
E na felicidade ninguém os reverenciava.
E mandaram o medo, a raiva, a dor entre outros males.
E penalizando-se de nós, humanos, enviaram a esperança.
Mas essa exige que o homem adoce o coração.

Os deuses são tão insensíveis.
E os humanos a eles se assemelham.

Parece que sou pessimista.
Mas Florbela também o foi
Ao abrir seu coração contando seu drama.
Ou será realista?
Julguem-me.

Só sei que os humanos só conseguirão
Atingir a felicidade
Desse encontro consigo mesmo
Se conseguir refletir sobre
O sofrimento dos outros.
Se enxugar-lhes o pranto.
Se abraçar, aconchegar no peito.

E ao dividir o Pão Nosso material
Elevar-se espiritualmente.
 Penso que meditar,
Desapegar,
Encontra-se a si mesmo
Já veio conosco
Já mora em nós
É a nossa própria essência
Alma.

Aqui com vocês
Medito.
Desapego-me.
Encontro em Você o meu Eu.
Gratidão  por isto!

Maria Izabel Viégas




segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Leviano coração



Leviano coração.
Qual dos dois
O meu ou o teu
se enganou,
nos enganou?
Como um peito cheio de amor consegue se sufocar assim?
Qual a razão de esconder do meu
O quanto sofrias?
Sempre estivemos tão juntinhos.
Um a bailar naquele dois passos ritmados
Assim, rostos e peitos colados, cadenciados
A bater num mesmo ritmo
Que foi que te aconteceu?
Qual dor te doeu mais forte?
Foi o meu que saiu do cúmplice passo?
Fui eu que te fiz cansar-te?
Oh minha vida
Quisera eu trocar-me pelo teu.
Quisera que nada te doesse
Quisera que nunca sofresse 
Eu te amo tanto.
Quando te vejo assim assim
Comigo aqui ainda a bailar
Tenho sentido no meu peito
dois corações batendo.
Empresta-me tua dor.
Eu a guardo e carrego
Quero ser teu par
Para sempre
Mas se a tua dor
É assim maior que tudo
Afasto-me
Porque um amor pode de um lado acabar
Mas o outro, o meu
Nunca irá te odiar.
Tens todo direito de ter outro par.
Vá, continua
E eu, talvez saiba sozinha
Bastar-me a mim
E enlaçada ao meu peito
Continuar também a bailar.

Maria Izabel Viégas

domingo, 2 de outubro de 2016

Novas Ideias, onde?

Esta falta que lhes é percebida soma desencantos em nós.Os Ideais, hora esquecidos jazem em cânticos fúnebres numa vã tentativa de fazerem-se ouvir.q48


"Ideias
e somente ideias
podem iluminar a escuridão."
Ludwig von Mises

 Atenta a debates entre candidatos
à eleição de prefeito e vereadores
Num momento em que urgem
Mudanças
Buscam - se
Salvadores da Pátria!
Não existem.
E se existiram um dia
Devem ter sido sacrificados, mortos ou exilados
Pela corrupção
Ou pelo clamor furioso do próprio povo
por quem deram suas vidas.

Todos se apresentam como
A Transformação .
Ouço tudo.
Ouço todos.
Repercutem.
 São ecos do passado
Pobres e astutos
Pequenos grandes homens.
Políticos da ocasião .
Falam .
Acusam.
Defendem - se.
Prometem.
Só lhes faltam o que mais importa
Ideias, ideias, ideias
IDEAIS
Que iluminem
A escuridão!

Maria Izabel Viégas


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Contesto: universo não é conspirador



 Dizem que o Universo conspira a nosso favor.

Contesto
Engana-se
quem assim o pensa..
Quem conspira é traidor.
Ousadia humana

Galáxias,
seus sóis,
estrelas,
nebulosas
Divindades.
Perfeição.
Vida.
Morte.
Construção.
Desconstrução.

Só pode ter sido
O homem
Que nunca vê
Nem a outra face da lua.
Nunca foi ao planeta
Vizinho Vermelho Marte
Delírios do pobre homem 
nessa ficção limitada.

Pobre filósofo
de quimeras
Preso ao mundo
Das mentes limitadas
Dos olhos vendados
Cinco sentidos limitados.
Tenta conectar-se ao
Invisível
Chegar ao Sexto sentido.

Como ousa
Definir
Universo Conspirador?

Quem conspira a seu favor
São seus atos
Suas ideias.
Sua atitude perante a vida.

Sejamos sensatos.
O Universo nos inspira.
A sermos menos insensatos
E cada vez
Mais humanamente
Seres gentis.

Eu creio num
Universo Inspirador
Transmutador
Deídade Suprema
Vida em Movimento
Sublime Ato de Amor.

Maria Izabel Viégas



terça-feira, 27 de setembro de 2016

Alguém leu minha carta?




"Se alguém te perguntar
o que quiseste dizer
com um poema
pergunta-lhe:
O que Deus quis dizer com este mundo."

- Mario Quintana -

Tenho vontades múltiplas
caleidoscópio humano
mil faces da mesma face,
mil cores
mil desejos
um deles é
ficar aqui a te falar
outro, célere,
de ir embora.
Porque não sei na verdade o que faço aqui.
Não sou poeta
nunca me atrevi a sê-lo.
Sei que tudo que vivo
é fruto
do todo
e de detalhes
que guardei
na memória
da minha história.

Não posso como o poeta abrir minha alma
Ela é tão silenciosa
Tão amorosamente amiga
que entre nós não há necessidade de palavras

Somos uma só pessoa
Uma veste
que me cobre o corpo
diáfana
transparente
Invisível somos.

Sou tantas pessoas numa só.
neste instante não sei quem vos fala.

Quem sabe
daqui a instantes,
outra eu
aqui esteja
e não se importe
nem um pouco
se recebeste a minha carta
se ouviste minha voz
se realmente sou necessária
nesse aqui e agora
se esta carta encontrou
o alguém
que a leu
e que gostou
e se esse alguém
se importa
se eu fique ou vá.
É...
na verdade
quem se importa
com tantas palavras tortas...
Alguém?
Tu existes?
pronto
já remeti palavras para ti
Importa?
Aquela que falou
já silenciou
e foi embora.
Fico eu,
a outra
a terminar
o canto.
Não há palavra,
escritor,
leitor,
a carta.
Tudo se foi...
Perdeu-se
a palavra
no silêncio
das frases
sem sentido
que voaram
já esquecidas...

E alguém se importa?
Ah.!
Vamos embora,
eu
e minha alma.
É mais um adeus nosso.

- Maria Izabel Viégas 


domingo, 25 de setembro de 2016

Meu amor perguntou se fui feliz



Meu amor me perguntou
Se eu fui feliz  durante
Nossa vida.
Se realizou meus sonhos
Se me deu o tudo que eu precisava.

Ó meu doce amor,
sabes o porquê de meus
cabelos brancos?
Cada fio,
dantes na juventude
e matura idade,
castanhos
foi transformando - se
em ouro.
 Minha vida ao teu lado
foi dourada plenitude.

Foi um conto de fadas
onde a realidade
superou
todas os ilusórios personagens
e míticos contos e histórias.

Cada olhar
que trocamos
Cada beijo
Foi
É, ainda,
neste nosso inverno, 
o Todo.
O Uno
no Duo completado.

Ó meu adorado,
meus cabelos
hoje cobertos
de nuvens prateadas
brilham
Como pura prata
mas são de ouro
disfarçados
não se mostram
para não revelar nossa
luzidia riqueza.

Há um amor no mundo
que faz essa alquimia.

Há em mim
a transcendência
de todas
as vidas
de todos
os amores
bem vividos
sobre a face
deste reino.

Ouro e prata.

Teu olhar no meu
ainda
desvela
o tanto
que fui amada
e feliz com você
nesta nossa vida.

Fomos feitos, na essência,
da mesma matéria.
Somos
Juntos
Todo o carinho
 Companheirismo
que há de possível
neste mundo.

Sim
Fui feliz
Sou e serei
através de todos
os tempos.

Viveremos
por muitos reinos.
Renasceremos em outras eras.
Em outros universos.
Seremos o Duo
Ouro e prata.
Luz, estrelas
Firmamento.

Maria Izabel Viégas 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sobre a Verdade




"A verdade é aquilo 
que todo o homem precisa para viver 
e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. 
Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, 
caso contrário ele arruina-se. 
Viver sem verdade é impossível. 
A verdade é talvez a própria vida."

Franz Kafka,
A Nossa Verdade,
 in 'Conversas com Kafka'


Aqui não se trata de definir 
nem especificar 
o que é Verdade. 
Aqui é buscar dentro de nós 
 quais ideias e ideais comandam nosso ser.
Que filosofia de vida temos norteando nossas ações no mundo?
Somos dirigidos por nossa verdade?
Ou vivemos a verdade
da sociedade,
do nosso grupo 
do homem que mora ao lado. 
 Seríamos assim a mentira personificada , 
marcados e tatuados pelos modelos alheios.
 E como conviver consigo 
mesmo sendo uma mentira 
sem raízes profundas 
a nos realimentar?
A mentira nos deixa invisíveis 
tão incapaz que é de nutrir corpo.
A mente mente para si mesmo.
Tornamo-nos só mais um exemplar de homem.
Ao fim, tornamo-nos cópias de infinitos nadas.

Maria Izabel Viégas

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Ontem não teve Ocaso

Ontem
Não teve por do sol
O Ocaso despediu-se sem sol.
Ontem
Não morri em cores
Nem amores.
Nem imagens
Na memória
Para exibir.
Ontem
Resolvi
Não quero dias ensolarados
Nem pessoas ao me redor
Nem choros nem lamentos
Nem aplausos quando eu me for.
Ontem
Decidi
Não quero o hoje
Fico no passado.
Lá nada me reserva
Surpresas
Nem falsidades.
Pois lá
No passado
Tudo já vivi.
Hoje.
Não tem espetáculo.
O belo palhaço 
Não acordou.

Maria Izabel Viégas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Podemos julgar os homens como bons ou maus?






Eis aqui minhas reflexões sobre o perigoso ato de julgar pessoas

Ele é um homem mau. 
Ela uma mulher caridosa. 
Julgando-os estou.
E eu, sou quem, sou o quê? 
Sou aquela que não sabe , na verdade...  sou isto ou aquilo. 
Regozijo-me de ora ser mais isso, ora ser mais aquilo, por que não?  
Sou alguém que ainda, após tantos tropeços e acertos, ainda sou momentos. 
Em meu favor, posso afirmar que não vim fadada aos fracassos, nem a sofrer mais que o tempo necessário o luto das desilusões. 
Sou mais coragem do que medo. 
Sou mais amor que paixão desvairada. 
Mais verdade que mentiras. 
Confesso, em verdade: sei mentir e muito bem. 
Aprende-se a mentir quando se vai crescendo.
Somos intimidados pelos nãos 
e ao desviarmos das negativas aos nossos mais simples desejos bem, bem inocentes e pueris, 
sem explicações que nos preencham com verdades verdadeiras, 
vamos aprendendo a arte de dizer o que querem ouvir. 
Com certeza, quem me ensinou 
a dissimular sentimentos foram eles,  os mais velhos. 
Eram maus?
Penso que não.
Aprenderam, inofensivos assim como eu, 
pois todos fomos crianças um dia, 
com seus pais, e estes com seus pais 
e assim, formou-se a 
"espiral dos medos das palavras verdadeiras". 
O medo de falar a verdade e não ser aceito pela sociedade.

Felizmente, paralelamente, 
nesse processo de crescimento e amadurecimento
Descobrimos a força do abraço, 
do aconchego, 
do beijo carinhoso, 
E, felizmente, a caridade se avizinha de nós:
Aprendemos a dividirmos o pão 
que iria nos matar a fome
Descobrindo que éramos, enfim, bons. 
 
E não será o homem mau, 
numa certa hora do seu dia, 
feito de pura poesia?
Não terá ele um gesto de amizade, 
um momento de perdão?  
Temos a mesma herança genética de todos os homens da Terra. 
Todos: homens , animais, árvores, rios e plantas 
temos o mesmo dna 
desde o primeiro espécime 
que aqui adentrou 
e se espalhou no nosso planeta. 
Ouvi de um cientista cético  
que era a Genética que nos tornava 
a todos os seres deste mundo - irmãos por todo o sempre. 
Não por sermos filhos do mesmo Pai - o Deus religioso.  
Somos feitos de momentos 
inteligentes, estúpidos, 
enérgicos ou apáticos, 
bons ou maus. 
Somos sim, "assim como os rios, feitos dos mesmos elementos, 
ora estreitos, ora rápidos, ora largos, ora plácidos, claros ou frios, turvos ou tépidos." 
Que alegria, ó meu Deus, eu nasci gente, penso, sinto, amo e desamo, me magoo, perdoo e ainda me magoo, e novamente, perdoo. 
Hossanas ao Senhor  -  sou ainda capaz de fazer minhas escolhas.
Maria Izabel Viégas

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Pode roubar!

"O que você viveu, ninguém rouba."
Gabriel Garcia Marquez



Amigo,
Se me permites chamar-te amigo.
Se a mim dedicas afeição.
Rogo-te.
Imploro-te.
Contrarie  Garcia Marquez.!

Leve de meu peito
Todas as lembranças desse amor
Que sugou o melhor
O mais puro sentimento.
Deu - me  migalhas de carícias
Morri em vida a ele abraçada.
Envolveu-me,
disfarçado de linda orquídea,
Sufocou meus sentidos
Matou toda minha razão
E em erva daninha nos transformou.
E eu, no frenesi de amante
nunca amada,
jamais respeitada,
nem percebi.

Ele vive.
Morto em mim.
Mas povoa meus sonhos.
Tormento desejado
Vivo só para esperar o pesadelo do sono.
Só para revê -lo,
pobre infeliz que sou.

Ó tu, que declaras
Que o que vivi
Nunca será de mim furtado
Se descobriste o caminho da libertação,
Suplico-te.
Conte - me mentiras
Falácias que me tornem
Vazia de tudo que
Esse amor louco
Deixou cravado em mim!

Liberte - me.
Apiede-se.
Ensine-me
Quero perder - me
De tudo que vivi
Para outra vez
Ser gente.

Não esse espectro de mulher
Que me permiti ser.
Roube-me.

Maria Izabel Viégas


**Grata, amiga Ivani Ramos
por trazer esta frase de Gabriel Garcia Marquez
ao meu encontro.
Deu - me a oportunidade
de escrever sobre um sentimento -paixão- tormento
que, na vida real, nunca vivi.

Mas , de muitas mulheres, e  foram muitas, ouvi o sofrido pranto.



sábado, 10 de setembro de 2016

Menina flor de manacá




Que tanto sorri essa menina, minha gente?
Cresceu se achando
Flor do pé de manacá
Da casa da madrinha, a dona Quita!
Essa danada,
hoje já soma tempo nesta vida.
Tem mais de seis meninas
Dentro de seu corpo
Ainda forte e inteiro.
 Que graça ela ainda enxerga
Nesse mundo doido?

Qual o encanto que ainda sente
Ao olhar o céu pintado de estrelas.
E suspirar ao ver as Três  Marias.
E quanta tolice
De se gabar
Da grandiosidade
De só no céu da sua terra
As três estrelas enfileiradas
Podem ser vistas.
Menina de seis meninas dentro de si
Que importância vê nisso?

E porque, ainda se acha
Flor de manacá,
Um dia se veste de luz
Vira branca
E sorridente canta
A alegria de viver flor-criança!

No dia seguinte
Dependendo da veneta da guria
Acorda lilás e espalha perfume
Por tudo que pisa e toca.
Tem mãos de cura
Das dores de sofrimentos.

Pior quando vira o dia
E a encontra roxa de raiva
Do mal me quer e do bem me quer.
Eita dia imenso de grande.
Eita dias de azedume de limão.

E assim termina
Um dia.
Um mês.
Passam os anos.
Humor de pé de manacá
Cada dia de um jeito
Cada dia outra história
Outras misturas de sentimentos
Alegrias e tristezas.
Casos de amor e desamor
Entremeados do sorriso
Franco e puro de criança.

E lá vai seguindo a tal
Que esqueceu
que não é mais criança.
Dizem que tem
E um cheiro de jasmim.
Mas ela, teimosa,
Não acredita!

Maria Izabel Viégas


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Um blog sem leitores



Circunspecto
Mero arquivo
de frases
sem palavras
nem letras
pontos
ou vírgulas.
Solamente
Interrogação
Quem sou?
Quem comigo
Dança?
Chora?
Sorri?
Onde rostos?
Onde vozes
Murmúrios?
Prazeroso
silêncio?
Desencantado
afastamento?

Um monólogo
Ou um diálogo
De mim com eu?

Autor: eu, desconhecido.
Nada é.
Não existiu
Nunca existirá.

Maria Izabel Viégas

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

46




"Amor quando é amor não definha
E até o final das eras há de aumentar.
Mas se o que eu digo for erro
E o meu engano for provado
Então eu nunca terei escrito
Ou nunca ninguém terá amado."
(William Shakespeare)


46 Anos Unidos pelo Amor.

 fevereiro de 1967_ nos reencontramos nesta vida.
 setembro de 1970 _ construímos nosso ninho.
46.
Tão crianças , tão sonhadores
Com o olhar adiante, fomos vivendo os hojes.
46.
Ainda nadamos juntos.
Não no mesmo lago,
Somos cisnes que, misteriosamente,
 Nadamos , ora, contra a correnteza
Ora seguimos o fluxo do rio.
Não somos cisnes como os outros.
Um lago não nos bastou.
Cisnes ousados
Fomos buscar respostas na correnteza dos rios.
Como isso causa espanto!
Quando dois da espécie resolve mudar o rumo .
Criar a diferença, mudar esse destino .
Viver num lago aprisiona.

Começamos a escrever
a nossa história...
que ainda
a cada dia
Deconstruimos
Renovamos
Reiventamos.
Todas as histórias são reescritas no tempo das vidas dos amantes.

46 anos.

Há mais tempo contado como passado.
E a expectativa de quantos anos à frente.
O mar existe?
O incomensurável ?
A imensidão do mistério.
Chegaremos
Isso é certo.


46.
Se o amor é tudo isso.
Afirmo
Afirmas
Sim, ainda nos amamos!

Cada vez mais cisnes
Cada vez mais longe de sermos simples cisnes.

Maria Izabel Viégas


 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Cântico da Esperança



O Encanto do Poeta...
 Rabindranath Tagore




Para todos que lutam a cada instante para ser forte em amor.
Para os sensíveis que vivem a entoar cânticos.
 Cântico da Esperança


"Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.

Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

Não seja eu tão covarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!"

Rabindranath Tagore,
in "O Coração da Primavera"

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Seguidora de mim



 Sou seguidora de mim.
Aliás, sempre foi assim.
Voltei ao mundo
Descendo 
Túnel escuro
Misterioso.
Místico.
Uma primeira fase uterina 
Um oceano profundo
De onde vim
Para onde vou
Nada sou
Escuridão
Aos poucos um novo corpo surgindo
Coração pulsando.
Mente ainda sem nome
E cada vez mais 
feto
E afeto
Feto
E medo
Ameaças
Enfim, a forma moldada
Outro túnel
Caminho à luz!
Nasci gente.
Respirei, 
pela primeira vez,
Sozinha.
Mesmo dentro de um ventre
Há solidão
Ou brinca-se de nada sou.
Contando espero
Quando será
Estranho paradoxo.
nasci sozinha
Pelas mãos de um ser.
E suguei o néctar de outro
E fui abraçada com afeto por outro.
Desconhecidos.
Olhando nos olhos
Sabia quem eram.
reconheci-os.
Amigos e desafetos
Medo e afeto
Afeto supera o medo.
Sou parte de um grupo.
Não estou só. 
Tempo que passa
Mudanças
Transformações
Tenho a companhia de muitos.
Sou todos e tudo.
Todos os seres do universo sou eu.
Vejo pelos olhos das águias,
Caminho ao lado da onça pintada,
Fico acordada, 
olhos abertos da coruja.
Uivo unida ao meu bando de lobos. 
Sou seixo das beiras do rio.
Ouço canto da Oxum.
E nas manhãs, 
Viro sol.
Canto com os sabiás. 
Viajo nas asas das andorinhas.
Acordo nas pétalas orvalhadas das flores.
Não. 
Eu me contradigo.
Nunca fui só.
Mesmo sendo seguidora de mim.

domingo, 21 de agosto de 2016

Lobos, meus conselheiros.


"Quem não sabe uivar não encontrará sua matilha."

Charles Simic.

Não sei viver sem a companhia de um lobo. 
Cada cão vivente aqui na terra dos homens
É seguido no plano invisível por um lobo.
E todo cão tem uma protetora espiritual.
Que observa as atitudes dos humanos.
Afirmo que todo aquele que maltrata um cão 
Não será nunca feliz. 
E a paz não coroará seus dias.
É a lei do lado de lá. 
Conta a lenda da Cabocla Jurema. 



Meus lobos na mata: um pastor manto negro.
E adotei essa outra lindeza num Abrigo.
Adote um cão.
Responsabilize-se por ele até ele envelhecer.
A minha Menina, doce e arteira,  descobri numa radiografia que tem o fêmur
Não recuperado.
Deve ter sido atropelada.
Exige cuidados.
E sempre terá.

 Luther, meu fiel lobo.


Já tivemos vários lobos.
Que já se foram
Este, soberbo, é o Jung__ calmo mas quem ousava perto dele chegar.
Lindo. Imponente.
Filhote de Shanna e Thor_ nossos outros pastores,
já estão no outro lado.
Eram companheiros. Tiveram três ninhadas.
Quem já deitou-se no chão ficando com o corpo coberto por onze filho tinhoso
Sabe como nos trazem energia benéfica de cura.
No dia em que ficou doente, linda cadela Shanna, quando a levávamos para fazer suas necessidades.
Além de segurà -la pois queria andar.
Todo cão de grande porte sofre se ficar deitado. Parece que perde o poder.
Íamos nós,  com cuidado.
Doce amor: Thor ia ao lado , amparando -a no caminhar.
E quando ela se foi, chamei-o para a despedida.
Choramos com a cena de puro carinho: ele tentava abrir os olhos da companheira, com a cabeça tentava levantá -lá.
Lambia seu rosto.
Quanto o homem precisa aprender com os animais!
Abençoados sejam tidos os que sabem falar e entender o que dizem.
São nossos lobos.
A força da magia que irradia.
E que nos fortalece.
Quem não corre com seus lobos
Quem não uiva com eles
Estará só.
Nunca encontrará sua matilha.

Dizem que depois que tive meus filhos, virei loba.
Não.
Não virei.
Deixei que a loba saísse para comigo caminhar.
Não sei quem comanda: ela ou eu.
Nunca andamos sozinhos.
Sinto passos a me acompanhar.


Maria Izabel Viégas





sábado, 20 de agosto de 2016

Toda a natureza num gambá



Sobre os pequenos atos
Que podem salvar 
Nossa fauna.


Como salvo o planeta?
Como salvarei as baleias?
Não sei.
Começo com um gambá.
É um começo...
E o  Bem começa com atitudes não teorias.

O caso que aconteceu após o Ocaso:


A vida na roça é assim.
Numa urbana roça .

Noite abençoada por surpresas.
Nunca vi uma família de gambás.
Mamis e sete filhotes.
Ficaram  bem na foto, não acham?
Tão lindinhos.
Certo é que a beleza
Está nos olhos de quem vê.
Quem não apreciou assim
Foram dois cães pastores.
Essa foto é a mãe se defendendo deles
Todo mundo grudadinho nas costas.
E a valente enfrentando o perigo com destemor.
Não fugiu da raia

Com certeza,
Considerando-nos inimigos.
Uma família esquisita
com três feiosos humanos
Ficaram a protegê -los.

Durante o tempo de apreciarmos
O quanto de tempo
Que temos para salvar a natureza.

Pequenos atos.
Atitudes humanizadas.
Salvam pequenos animais.

Delícia de vida essa
Acordar com um fortuito esquilinho
No muro  se equilibrando
num bougainville vermelho.
Alegria de crianças tal visão!
Certos prazeres de humanos sensíveis
Certos salvamentos da fauna.
Não se acanhem, seres da terra.
Na minha casa.
Na Miamata
Sempre serão protegidos.
A natureza toda vive
No cerne dos humanos tocados pelo carinho e amor.


Maria Izabel Viégas

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Ultimato a Adão e Eva, responsáveis pelo meu cansaço

Brincando sobre o cansaço que sinto hoje.
Alguém tem que levar a culpa.
Enfim, isto é catarse.


Deus não foi nada gentil conosco
Ao nos condenar
A lutar pelo pão de cada dia
Com suor .
Com exaustão.
Tudo que consigo
Exige de mim
Cobranças e exigências.
Culpa minha?
Não.
Foi Adão.
Que morreu expulso
Do paraíso
e nada tive com tal sina.
Mas o azar é meu.
Eu, que nem de Eva
Herdei a culpa do primevo pecado
Por comer maçã
Ou deitar-se em coito
Com seu doador de costelas.
Eu, pobre mortal,
Padeço por seus crimes.

Amigos leitores,
Aqui não compareço
Desacreditando no mito.
Pelo contrário
Acredito
Repúdio
Essa hereditariedade
Que me condena
A lutar,
Em batalhas diárias,
Pelo pão nosso de cada dia.
Hoje estou exausta.
Para conseguir
Vencer contratempos
Tive tanto trabalho
Que só mesmo
brigando
Com a história,
que parece uma praga
a todos os mortais,
Já me consola.
Adão não trabalha em escritório.
Eva nem tarefas domésticas fazia.
E eu, assumo suas culpas?
Se eu dia eu morrer,
E isto é certo.
E encontrar esses dois
Redimidos
Perdoados
Tocando harpas no paraíso.
Exigirei justiça.
Darei um ultimato:
Mande-os nascer
Em Brasília.
Condenados
Crime: mudaram o conceito de trabalho.
De prazer virou castigo
Por milênios.

Levados serão
À República de Curitiba
Que sejam presos e condenados
por Sergio Moro, o justo.
Na Operação Lava Jato.

Maria Izabel Viégas




quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Aprisionada em pedra


Sinto-me
Pedra bruta
da montanha
Moldada
pelos ventos
Sofrida
no rolar de águas
Torrenciais de chuva.
Aprisionada ao solo
Eu, nascida ave canora
Amando voar.
Por quê? 
Momento de dor.
Sou um pássaro
que, por fatídica
negra magia,
transformei - me
 Dura pedra
num breve
descuido ao pousar.

Ave,
ó ave teimosa
Esqueceu-se
dos conselhos
sábios dos antepassados
Esqueceu-se das artimanhas
das montanhas, aquelas,
Que, por solidão,
Capturam
Engolem
os tristes e distraídos.
que a elas se assemelham.

Contou -me,
numa serena noite,
um cálido vento,
o vital segredo
do transmutar,
condoído de meu
desespero 
Ao ouvir  em todos
Os anoiteceres
meu canto triste.
 Só existe encanto
Para reverter
a sua má sina,
Sair dessa clausura
na pedra fria e indiferente:

Mudar o tônus
Desse seu
Desolado sofrer.

Só se libertará
Quando conseguir
Acordar dessa
dormência 
fruto da tristeza
e da desesperança.

Só um caminho,
a opção sagrada:
Acordar
mais cedo
que a primeira
gota de orvalho

E olhar,
não mais
 para baixo
Focado
dentro de si.
E, sim, 
Volver-se ao alto.
Voltar o olhar 
aos céus
ao raiar do dia.
No exato esplendor do
Amanhecer.

Só os raios de sol
Libertam
Os sofridos pássaros
Que se quedaram
Entristecidos
Embruteceram-se
Coração de granito.

Só a alegria o fará
Voltar o ser ave liberta.
 Voar! 

Ninguém está preso por todo o sempre
Só depende de si para se libertar.

Maria Izabel Viégas
 

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Quero uma árvore cor de rosa



Em tempos de crise.
Todos nós deveríamos ter
Uma árvore cor de rosa
Onde, à sua sombra,
Harmoniosa e doce
Deixássemos
Todo o receio da vida
Todas as preocupações
E só ouvissemos os
Sábios conselhos do coração.
Nesse corre - corre diário
Não ouvimos o seu pulsar.
Não mais acompanhamos
O bater do sagrado tambor
Que nos religa
De volta ao útero materno
Pelo cordão umbilical.
Conversávamos
Com nossa mãe
Num ritmo/vida.
 

Como era doce
Viver naquela concha
Trocando ideias.

Compreendíamos
A língua dos anjos. 

Ao nascer,
Que pena.
Esquecemos.
 

Decidi.
Hei de achar minha árvore.
Hei de priorizar
A voz do meu coração.
A mente prega peças
E inventa histórias
Descabidas.
Precisa ficar dormindo.
 

Ando cansada de tanto pensar.

Maria Izabel Viégas

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Desnudar-se em palavras comuns e incomuns




Na vida cada ser procura se expressar para que alguém o ouça.

Pronuncio as palavras "comuns".
Preciso que me compreendam.
Explico-me.
Falo sobre as razões.

Aqui, não, eu me solto...
Liberta de todo senso,
Livre para ser e dizer
O que se passa em minh'alma.
É a minha palavra incomum.
Nada a censura...
Nada a segura...
Nenhuma voz a silencia...
Não se explica...
Nem se define...
Não espera...
É só o murmúrio,
a voz silenciosa
vindo in-retorno a mim.

Simplesmente incomum
ou mesmo comum,
que importa?

Vezes as palavras incomuns
soam como o silêncio.

Pessoas precisam das comuns
Dos fins sem nem entender os começos.

Nada a fazer.
Apenas ser.
E ser mais
Do que se é.

Maria Izabel Viégas

domingo, 14 de agosto de 2016

Amo-te , pai Alberto Vieira Núñez

                 ( Foto de 1917, fundadores da Escola Evolucionista,  meu pai , ao centro sentado)

Pai,
Alberto, velho Núñez,
gaúcho de Rio Grande,
sereno olhar, verde azul, mar e céu.
Na lembrança sua,
encontro o colo amigo,
que me protegia pequenina dos medos do mundo.
Pai, como você conseguiu me amar tanto?
Como ser tão terno,
nunca uma reprimenda,
uma grosseria,
uma crítica,
sempre Paz.

De que parte do céu você veio, meu doce amigo.
Você realmente me via ou via em mim um anjo?
Nosso carinho transcendia o etéreo.
Por que eu tive de conhecê-lo por tão pouco tempo nesta vida?
Sua voz, sua figura nobre, altiva estão aqui guardadas em mim.

Que pena, Alberto Núñez,
O perdi tão cedo.
Tão tarde você saiu da vida,
septuagenário -
Ficamos meu mano Mario Alberto e eu
Que tanto o respeitavam.
Que tivemos a doce sorte
De sermos tão parecidos com você
Fisicamente e em caráter.
Que nos orgulhávamos
Do tanto de saber que transmitiu,
Da sua alegria naquele jeitão sério.
E eu, caçula, sua única menina,
que o amava tanto
Tive pouco tempo ao seu lado.
Podia ter ficado mais.

Mesmo acreditando que você estava vivo, noutro lado,
Como é difícil conviver com essa ausência aqui neste plano.

Mas mesmo assim,
eu agradeço a Deus
por ser você quem me deu à vida
junto com Maria,
minha mãe.

Nenhuma palavra,
nenhuma valsa,
nenhuma poesia,
nenhum ensinamento
foram esquecidos.

Você foi a parte mais bela do meu bolo
Da minha festa da Vida.

Creio que sem a parte da herança sua
que ficaram como pétalas de rosas
a perfumar minha existência,
eu não teria forças para sobreviver,
para ser forte como sou.

Pai Alberto, Mãe Maria, amado irmão Mario Alberto...
vocês foram viajar tão cedo.
E por quê?
O que fiz de errado para aqui
Neste planeta viver tanto?
Será prêmio?
Será castigo?
Não o sei...
E hoje não importa...
Nos vemos em sonhos,
ouço suas vozes.
Sinto a carícia dos seus afagos.
Não há separações
dentro dos corações
que se amam.
estamos sempre juntos.

Mas, Pai...
Pai, eu queria tanto vê-lo!

Maria Izabel de Castro Nuñez
Hoje, por amor a outro doce amigo,
Maria Izabel Nuñez Viégas





sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sou aversa ao vento




Disse e repito
Sou aversa ao vento.
Vento é ar.
Ar é pensamento.
E pensar
já é tormento
num mundo
onde quem pensa
é raridade

Perde-se amigos
pois , só e simplesmente,
se além de pensar,
ousar emitir opiniões.
Opiniões ofendem.

Para que nos ensinaram a falar?
Se era para ficar calada
E não usar palavras
nem textos lógicos,
com nexo,
inteligíveis
e dentro do contexto,
ficava-se só a brincar.

Nem rezar precisava
pois palavras faltariam.

E, num dia,
deitar na relva
e, ruminante,
pastar.

O mundo
adora gado de corte.
Que, coitado,
vai para a morte
sem direito de contestar.

Vento levante
Que tudo leva
peço um milagre
transforma-me em folha.
Voo para bem longe
para a montanha

Não quero o mar.
Mar é elemento água.
Água é sentimento.
Sentir dá tanto sofrer.
Ai, canseira!

Na montanha ninguém me perturba.
Viro adubo.
Volto ao fundo da terra
E viro planeta.
Esquisita.
Ser gente dá muito trabalho!

Adeus.

Maria Izabel Viégas

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Édi Ribeiro, o poeta que ama o Ocaso.


"Enquanto houver o céu e o sol,  haverá nós." 
Édi Ribeiro


O sol, nossa fonte de vida, nosso alimento..
O céu, nosso fonte de sonho.
E quem vive sem o alimento e o sonho?

O poeta se define como aquele que vive os extremos.
Aqui o êxtase do amigo poeta, escritor  e professor Édi Ribeiro ante o por do sol.

E o que há de mais belo entre o amanhecer e o por do sol?.
Penso que a sublime arte do trabalho que quando é prazer , nos enriquece e enobrece.

E entre o por do sol e o amanhecer?
O sono
O sonho

O despertar dos homens
que, sabiamente, ao vivenciar
todos os inícios e os fins
apaixonam-se pelo mundo.

Estes, exatamente nos meios onde poetizam:
se redescobrem,
se desnudam,
Co - existem no foco de seu olhar:
São todos os "eus"
São todos os "nós".

Meu carinho .
Minha admiração.
Esperando seu novo livro.

Maria Izabel Viégas

Imagem: do amigo Édi Ribeiro

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Procuram-se jardins esquecidos



Observando ruas
Da minha cidade
E, até mesmo,
Lá dos arredores da MiaMata
Vi que o mundo anda empobrecido
Não só de dinheiro
Mas de jardins!
De flores.
Não só de arbustos "da moda"
Desses de folhas coloridas nem pinheiros
E nem um cheio de bolotas podadinhas.
Jardins! Jardins! Jardins!
Precisamos de ser ricos de jardins floridos.

Faz-se urgente ter um jardim.
Estes vicejam aqui no mundo virtual.
Todas as vezes que os ânimos se exaltam
Fazem postagens sobre flores
Todos aderem a belíssima ideia.

Mais flores
Menos guerra.
Combinado.
Volta a paz.

E vicejam
Cada um mais belo
Nunca senti o perfume
Nem canto de passarinho.
Nem borboletas a voar.
Só frieza da beleza
Virtual.

Aqui, do outro lado da tela,
Vida real,
Caminhando
Decepção,
Conto - os nos dedos.
Neles, nem lilases nem violetas.
Só arbustos.

Flores?
Sujam muito o chão!
E uma plantação cinzenta
De ar condicionado
E ventiladores.
E reclamações do calor.

Plantei um pé de maracujá.
Cresceu lindo.
Espalhou.
Elevou - se.
Esparramou.
Encantou.
Encheu - se de flor.
Mas, que tristeza.
Por falta de borboletas
Assassinadas por agrotóxicos.
Não nasciam os frutos.

Sabem quem borboleteou,
Polinizando uma a uma?
Nós, uns seres humanos esquisitos
Que, teimosos, insistimos
em recordar que essa terra plana

Esse solo plano
Na verdade é redondo
E ainda um planeta
Repleto de mentes quadradas..

O nosso planeta Terra
Que precisa de flor, jardim, canteiros.
E de seres humanos
que, pelo menos,
no meio
de um dia inteiro,
seja "adorador de borboletas".
Tenha paciência com elas.
Se não for...
Equilíbrio não tem.
E, quem sabe,
Nem borboleta,
nem flor.
nem ser humano,
nem planeta.

Maria Izabel Viégas

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Estímulo para Viver / Participando do Aniversário do Blog Espiritual+Idade

Participando da comemoração
Do Aniversário de 7 anos de Blog Espiritual + Idade
 Da amiga Rosélia Bezerra.
Parabéns, doce amiga, pelo seu amor por esta blogosfera!




O que me move a vivenciar
Essa aventura heróica
Denominada Vida?
Seria o instinto de sobrevivência?
Não, talvez o tenha sido
nos primórdios do meu ser.
Esse instinto existe
E nos faz cautelosos
com nosso corpo
por sabê-lo frágil.
Entretanto, no patamar de ser humano
Que já galguei
Há mais que instinto.
Há mais que a própria razão
Vai além da minha filosofia maior
Atingida após duras ou suaves caminhadas.
Aprendi muito
Certa que existem mistérios
Além da minha pequena percepção sensorial.
Penso que meu estímulo a seguir
por esta estrada
escrevendo a minha história
Deixando um legado
Uma lembrança
Aos meus descendentes
À minha clã formada,
Filhos e os frutos
Da sementeira:
Nossos netos
Amigos fraternos
Sociedade na qual estou inserida,
É uma crença
de que somos parte
Desse Universo Perfeito.
Que somos feitos seres únicos
Ninguém é como nós.
E, apesar dessa singularidade,
Somos todos feitos da mesma matéria
Todos  feitos do pó das estrelas
Todos somos na diversidade
Iguais na essência divina
que habita em nós!

Olhando o céu, o sol e as estrelas.
Observando a perfeita dança dos planetas
de nosso pequeno sistema solar
que sabem cada qual
o caminho a seguir.
Respeitando-se
Sem atropelo
Sem desviar-se de suas rotas.
Mesmo não sendo estrelas
Mesmo sem ter luz própria
Se agigantam em puro esplendor.

Amigos meus,
o que me move,
o meu estímulo
É a Fé
de que esse universo perfeito
teve um Criador
Deus.
E que Ele nos fez
para cumprir cada um
Nosso destino
Aptos a tomar
nossas próprias decisões.
Somos nós
Criadores
Coparticipes
Da nossa missão divina:
Ser gente que faz a diferença neste mundo!

Maria Izabel Viégas





domingo, 7 de agosto de 2016

Hoje é Domingo.


OCaso 2: O Amanhecer nodomingo

Há beleza no dia.
Não só nas rosas
Em todas as flores do caminho.
Só precisam,
o sol e as flores,
Que os percebam.
Que os sintam
Através dos olhos
Especialmente,
os olhos do coração.
O sol cura nossas mazelas.
As rosas e todas as flores
Do mundo
Abrem-se,
num instinto de
Preservação.
Essa é a lição:
Sobreviver
Perpetuar-se no ser
Sorriso lindo de se ver.
Renascer.
Afinal,
Estamos na luta
Hoje é domingo.
E eu acordei.
E isso é muito bom.

Maria Izabel Viégas

Caso: Anoiteço no por do sol

OCaso 1: madrugada de domingo



Anoiteço no por do sol
Adormeço.
Acalento
Meus sonhos
No sono que revigora
Descanso do mundo dito verdadeiro.
Voltamos ao mundo real
O outro __ Invisível!

Lá reencontro meu ser mais profundo
Meus medos se expandem
Em pesadelos salutares
Expurgos
Que nada de mal fazem.
Limpam nossa mente
Do desnecessário do cotidiano.
Abraço meus entes que se foram.
Recebo conselhos dos Amigos Espirituais.
Minha alma liberta
Se expande
Viaja em todas as dimensões.
Amigo, não tema sonhos ruins.
Se lembrar deles - sem temor, tente decifrá -los.
Um aviso ou limpeza?
Se esqueceu - deixe-os.
Tudo tem sua razão de existir.

Maria Izabel Viégas


O Renasço Ocaso começou aqui: Quer ler? Vou gostar!

Sou por acaso o ocaso

Se sou ocaso Serei o fim Do sonho de estar  em vida? Ou serei Um sonho de transformar-me No sono daquilo que Se agiganta E me...