sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sou aversa ao vento




Disse e repito
Sou aversa ao vento.
Vento é ar.
Ar é pensamento.
E pensar
já é tormento
num mundo
onde quem pensa
é raridade

Perde-se amigos
pois , só e simplesmente,
se além de pensar,
ousar emitir opiniões.
Opiniões ofendem.

Para que nos ensinaram a falar?
Se era para ficar calada
E não usar palavras
nem textos lógicos,
com nexo,
inteligíveis
e dentro do contexto,
ficava-se só a brincar.

Nem rezar precisava
pois palavras faltariam.

E, num dia,
deitar na relva
e, ruminante,
pastar.

O mundo
adora gado de corte.
Que, coitado,
vai para a morte
sem direito de contestar.

Vento levante
Que tudo leva
peço um milagre
transforma-me em folha.
Voo para bem longe
para a montanha

Não quero o mar.
Mar é elemento água.
Água é sentimento.
Sentir dá tanto sofrer.
Ai, canseira!

Na montanha ninguém me perturba.
Viro adubo.
Volto ao fundo da terra
E viro planeta.
Esquisita.
Ser gente dá muito trabalho!

Adeus.

Maria Izabel Viégas

Um comentário:

Lúcia Soares disse...

Adoto esses adeuses seus. São sinais de vida, de inspiração. Você fala ao coração. Com maestria, com humor. Muitos "adeuses" ainda.
Beijos.

O Renasço Ocaso começou aqui: Quer ler? Vou gostar!

Sou por acaso o ocaso

Se sou ocaso Serei o fim Do sonho de estar  em vida? Ou serei Um sonho de transformar-me No sono daquilo que Se agiganta E me...