"Com força e
com vontade
A felicidade
há de se espalhar...
Há de mudar
os homens
Antes que a
chama apague
Antes que a
fé se acabe
Antes que
seja tarde."
Mas , meu sinhô, não tenho mais forças.
Tenho fome de alimento e sede de justiça.
Ando, pés feridos, indigente descalço
transitando nas multidões.
Adoeci, não por moléstia grave.
Fui mortalmente ferido
quando perdi meu orgulho.
Usurparam meu trabalho.
Mas, meu Sinhô,
minha chama se apagou
Nesse oceano de corrupção.
Sou fantasma de mim.
Só desalento.
Mas, meu Sinhô,
roubaram minha fé,
Os homens a prenderam
no cativeiro de minh'alma.
no cativeiro de minh'alma.
Mas, meu Sinhô,
Houve um tempo
Lá no pretérito,
Lá no pretérito,
Como honrado guerreiro vivi,
Fui vítima num outro tempo,
Por fúria, tornei-me algoz.
E juro, meu Sinhô,
Ninguém notou que eu era
gente.
gente.
Nasci tantas vezes
Quantas morri.
Sem que nenhum humano qualquer
Um olhar a mim dedicasse.
Sempre transparente, desbotado, invisível.
Vivi nas primeiras Eras.
No início dos tempos.
Atravessei gerações.
E nada mudou
Nem a humanidade fez-se humana.
Onde a chama?
Onde a coragem?
Onde a força?
Onde a vontade?
Onde o cantar dessa felicidade?
Onde o cantar dessa felicidade?
Por Deus, meu Sinhô,
e eu preciso tanto
de ver renascer em mim
A chama da fé pura.
Antes que seja tarde.
Estou tão cansado.
Por Deus, meu Sinhô!
Divide com esse povo sofrido
Essa sua felicidade falácia,
Pois esta e a única que se conhece por estas terras.
Uma felicidade
que por direito divino
Pertence a todos
os trabalhadores escravos
desse moderno mundo!
"Há de criar sementes
Há de fazer alarde"
Só se todos juntos
Unirem suas forças
Com muita força e férrea vontade.
Que assim seja,
Antes que seja tarde.
Maria Izabel Viégas
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