sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Homem, não destrua a Amazônia





"Se estamos destruindo a Amazônia, estamos destruindo a nós mesmos."  

Renato Gimenez de Oliveira




Para todo aquele
que como eu, 
ama a natureza,
do grão de areia ao infinito pó das estrelas!


Li, certa vez, a história de uma tradição indígena,
conto para vocês:

Quando os índios precisavam cortar uma árvore,
faziam uma celebração, um ritual.
Escolhiam uma, 'apenas uma'.
Todos dançavam em torno dessa determinada árvore.
E começavam com paus a bater no seu tronco.
E depois, rapidamente, corriam e se dirigiam à outra e a cortavam.
O porquê?
Pois que eles sabiam que a árvore que eles rodeavam
ficava assustada, aflita
tomada medo da morte que se anunciava.
A pobre árvore escolhida permanecia ali,
alerta e acordada,
num estado de crise, tensa, apavorada.
Enquanto as outras, no entorno, com o susto e medo,
desmaiavam, desfaleciam de tão tensas.
Logo, eles não feriam a que a alma sofria.
Eles cortavam uma que estivesse anestesiada,
não sofresse tanto.
E, aos pés da árvore abatida faziam um canto pedindo perdão!

Será que um dia, nós só abateremos apenas uma,
aquela que se faz necessária, 

pelos motivos de subsistência?
Que pena, 

triste evolução do ser humano,
lá no bem longe,
nós perdemos esse contato
com a alma do mundo!

Maria Izabel Viégas

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Todas as cartas de amor são  ridículas, poeta?




"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

(Álvaro de Campos,
in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa)


E eu, o que penso?
Pode ser
que as cartas de amor sejam ridículas
E ele afirma que já as escreveu
O que o caracteriza ter sido ridículo no passado.
Deve ter o poeta suas razões.
Desse tema , me abstenho
Eu nunca escrevi cartas de amor.
Nem adolescente
muito mesmo agora.
Desperdício,
Escrevi,
Escrevemos mil bilhetes de amor.
Recados deixados sobre a mesa
E sempre terminando:
Eu te amo.
És minha vida.
Tem mamadeira na geladeira.
Espero-te na tua volta
Depois do plantão da meia - note
Para saber do teu dia.
Não aguentei.
Exausta.
Nossos filhos me deram canseira.
Estarei dormindo.
Dá-me um beijo!
Senti saudades de ti.
E recebia também estes bilhetes
Rápidos
Mas cheios de amor!

Éramos ridículos, nunca!
Uníamos o prático de um jovem casal com dois filhos
Entremeados de declarações de carinho.

Não foram palavras nem sentimentos esdrúxulos.
Nem ficaram perdidos na memória.

Até hoje
Trocamos recados práticos:
 - Compra alface, brócolis,
e "meu"vinagre orgânico de maçã
E não esqueça do teu remédio!
Eu te amo!
Mas se não comprares algo gostoso
Nem precisas voltar, ouviste?

E encontro na mesa de cabeceira
-  Amor
Não é melhor comprar mais verduras?
Se eu encontrar algo diferente
Vou ligar, te acordar,  dorminhoca!
O sol já raiou há muito tempo!
Beijos, te amo!

Ora, poeta,
Ridículo
É escrever cartas longas
Cheias de juras de amor
A realidade está aí.
O amor é o mesmo ou maior!

Ridículo e esdrúxulo é não declarar
por toda a nossa vida
o quanto amamos alguém!

Mas não esqueça da minha bananada diet
Senão... é divórcio!

Maria Izabel Viégas

O Renasço Ocaso começou aqui: Quer ler? Vou gostar!

Sou por acaso o ocaso

Se sou ocaso Serei o fim Do sonho de estar  em vida? Ou serei Um sonho de transformar-me No sono daquilo que Se agiganta E me...