domingo, 23 de outubro de 2016

Só se pode ser feliz simplificando



"Só se pode ser feliz simplificando,
simplificando sempre,
arrancando,
diminuindo,
esmagando,
reduzindo;
e a inteligência cria em volta de nós
um mar imenso de ondas,
de espumas, de destroços,
no meio do qual somos depois
o náufrago que se revolta,
que se debate em vão,
que não quer desaparecer
sem estreitar de encontro ao peito
qualquer coisa que anda longe:
raio de sol em reflexo de estrelas.
E todos os astros moram lá no alto."

Florbela Espanca, in "Diário do Último Ano"


Desapego,
Desapego é a bola da vez.
Antes era_ meditar.
Depois_ encontrar-se a si mesmo.
Fico pasma com facilidade dos conselheiros.
Imagino o faminto de comida e de carinho transcendendo-se.
Como se faz?
Como nos libertamos do pão nosso de cada dia
Que em nada se assemelha às lições de Jesus?
A maioria quando roga pelo Pão
Não é do alimento espiritual que ele deseja.
Talvez assim o seja,
mas acompanhado de uma boa casa,
de uma veste à altura do status a que se julga merecedor.
A Caixa de Pandora foi, astutamente,
enviada aos homens
Pelos Deuses do Olimpo
pois que os homens eram felizes.
E na felicidade ninguém os reverenciava.
E mandaram o medo, a raiva, a dor entre outros males.
E penalizando-se de nós, humanos, enviaram a esperança.
Mas essa exige que o homem adoce o coração.

Os deuses são tão insensíveis.
E os humanos a eles se assemelham.

Parece que sou pessimista.
Mas Florbela também o foi
Ao abrir seu coração contando seu drama.
Ou será realista?
Julguem-me.

Só sei que os humanos só conseguirão
Atingir a felicidade
Desse encontro consigo mesmo
Se conseguir refletir sobre
O sofrimento dos outros.
Se enxugar-lhes o pranto.
Se abraçar, aconchegar no peito.

E ao dividir o Pão Nosso material
Elevar-se espiritualmente.
 Penso que meditar,
Desapegar,
Encontra-se a si mesmo
Já veio conosco
Já mora em nós
É a nossa própria essência
Alma.

Aqui com vocês
Medito.
Desapego-me.
Encontro em Você o meu Eu.
Gratidão  por isto!

Maria Izabel Viégas




Um comentário:

Lúcia Soares disse...

Só falo por mim. Sou desapegada mesmo, o que hoje se diz "minimalista". Acho que há tantos valores aos quais nos apegar que o "ter" vale pouco. Mas cada um é um e goste, faça, viva o que quiser. Meditar, sair, rir, tudo é válido. Beijo, Izabel.

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